Gestão dos hospitais e foco no ensino médio, fazem parte das prioridades de Mauro Mariani

Mariani integra a série de entrevistas do projeto Cobertura Eleições SC 2018 – Jornais Impressos e Digitais, que está sendo realizado em parceria pela Associação dos Jornais do Interior (Adjori/SC) e Associação de Diários do Interior (ADI/SC).

Como sabemos, a escolha do governador fará diferença na vida dos catarinenses nos próximos anos, independente do quanto gostamos ou não de política. Por isso é importante ler o que foi dito na entrevista, e no futuro, ter em mãos o que cobrar. O candidato a vice-governador nessa chapa é o ex-prefeito de Blumenau, Napoleão Bernardes.

 

 

Jornais ADI/Adjori – Candidato, qual o aspecto que melhor traduz seu plano de governo?

Mauro Mariani – O principal eixo do nosso plano de governo é a busca pela eficiência em todas as áreas do serviço público. Não há mais espaço para o governo financiar a ineficiência.

ADI/Adjori – Recentemente o senhor percorreu diversas regiões de Santa Catarina acompanhando uma agenda de eventos construída pelo partido. Quais foram as constatações?

Mariani – Chegamos a conclusão que algumas preocupações são transversais em todas as regiões. Porém, as diferenças regionais precisam ser bem compreendidas para quando você ascender ao poder, ter uma noção clara do que é relevante para cada região do Estado. A caminhada do ‘15 em Movimento’ nos deu embasamento para fazer o debate hoje. São cinco temas principais que aparecem em todas as regiões. Dependendo da região, altera a ordem de prioridade. Saúde, desenvolvimento econômico, educação, infraestrutura e segurança. É importante discutir com a sociedade essas grandes pautas, ter essa leitura e entender Santa Catarina a partir do interior e não a partir de um gabinete.

 

 

ADI/Adjori – Efetivamente, quais serão as ações para cada uma dessas cinco grandes áreas, como o senhor chamou, começando por saúde?

Mariani – O grande desafio em Santa Catarina na área da saúde é resolver a gestão dos hospitais e reorganizar o sistema hospitalar. Falo principalmente dos 13 hospitais públicos, de gestão e de responsabilidade do governo do Estado. Se nós tornarmos essa gestão mais eficiente, teremos recursos para dar um salto muito grande de qualidade na saúde. A atenção básica os municípios fazem. O problema está nos exames e no atendimento especializado. Esta é a questão a ser enfrentada. Inclusive, está no relatório do Tribunal de Contas do Estado que a ineficiência dos 13 hospitais geridos pelo governo do Estado no ano de 2016 custou 671 milhões de reais. Ou seja, estamos jogando no lixo 671 milhões de reais por ano. É um problema difícil de ser enfrentado, mas está claro que é isso. Tenho essa leitura com muita clareza. O grande problema da saúde pública de Santa Catarina reside na questão hospitalar. O atendimento especializado precisa ser interiorizado, mas isso tem que acontecer de maneira organizada.

ADI/Adjori – Esse novo modelo de gestão passaria pela implantação de Organizações Sociais?

Mariani – Considero que o mais eficiente é o sistema filantrópico. Vamos fortalecer as parcerias. O fato é que temos que tirar o Estado o mais rápido possível dessa situação. Se tem uma coisa que não combina com gestão hospitalar é governo.

ADI/Adjori – Na área da Educação, quais são as propostas?

Mariani – Foco no ensino médio. O ensino médio em Santa Catarina é uma vergonha e ninguém fala nisso. O nosso Ideb, que é o índice de Desenvolvimento da Educação Básica, é o décimo quarto do país. Subimos na semana passada para o nono. Santa Catarina deve estar em nono lugar no país? Não! Além disso, se somarmos todos os adolescentes que por algum motivo estão fora da sala de aula, esse número chega a 70 mil. Considerando que temos 180 mil alunos matriculados, isso é uma tragédia anunciada.

O choque do governo tem que ser ensino médio e profissionalizante, em tempo integral. Também melhorar os aspectos pedagógicos. Trazer o professor para o jogo, pois não se faz educação com professor desmotivado. O aluno também precisa ser acolhido quando na escola, precisa ter um projeto de vida e não apenas aprender a ler e escrever. E justamente neste contexto é necessário aumentar o número de estudantes em tempo integral. Isso está comprovado cientificamente, quanto mais exposto ao conhecimento, mas o conhecimento é absorvido.

ADI/Adjori – Segurança pública é um tema muito presente na vida dos catarinenses. Quais ações para este setor?

Mariani – Há um déficit de pessoal na área da Segurança Pública e trabalharemos para melhorar isso conforme for possível, recompondo o efetivo. Todos os anos entre 500 e 600 policiais militares vão para a reserva e o Estado não repõe. Então o primeiro compromisso é repor todos os anos. Não adianta permanecer três anos sem repor ninguém e colocar dois mil no quarto ano. Tem que ser sistemático.

Segundo ponto. A polícia civil também precisa melhorar o efetivo. Neste momento estamos com um déficit de cerca de mil policiais civis. É preciso dar mais estrutura para a Polícia Civil, que é quem investiga e, portanto, também acaba fazendo parte da prevenção. É também a Polícia Civil que instrui os processos que podem vir a gerar condenações mais adiante. Vamos criar um departamento específico para combater o crime organizado, com a participação de uma equipe da área econômica. Será um grupo multidisciplinar, com profissionais preparados para lidar com esse tipo de investigação e a estratégia será fragilizar as organizações criminosas.

Outro aspecto é que Santa Catarina não produz armas nem drogas. Isso entra por algum lugar. Já temos mapeados 336 pontos de acesso ao Estado. Nesses locais a vigilância será constante. Nossa polícia tem expertise, sabe fazer muito com os recursos que tem à disposição.

 

 

ADI/Adjori – Infraestrutura. Quais serão as prioridades caso o senhor seja eleito?

Mariani – Precisamos ter uma espécie de serviço de zeladoria em Santa Catarina. Não adianta somente focar em construção de rodovias se não cuidarmos daquelas que já temos. Um dos grandes problemas no Estado atualmente é a manutenção das rodovias. Vamos criar um fundo de infraestrutura com 100 milhões de reais por ano para ações simples, como roçadas, operações tapa buraco, limpeza de sarjetas e sinalização. Aí você conserva a rodovia. Algumas delas estão muito deterioradas e isso precisa ser resolvido imediatamente, mas aí não é apenas roçar e tapar buraco. Posterior a isso também há algumas obras estruturantes que precisam ser executadas.

ADI/Adjori – Quais outras obras estruturantes seriam essas?

Mariani – A ferrovia norte-sul, por exemplo, que é a ferrovia que faz sentido para Santa Catarina. Esta é prioridade. Nada vai acontecer na questão de ferrovias se não acontecer a norte-sul. Isso é estratégico para o Estado. Trazer os grãos do centro-oeste para a agroindústria de Santa Catarina. Feito esta, aí sim dá pra pensar outras ferrovias.

Outro setor igualmente importante é o aeroviário. Estamos bem encaminhados, mas tem coisas que precisam funcionar melhor. O aeroporto de Correia Pinto, por exemplo, está sem funcionar. O de Jaguaruna precisa ser melhorado, alargar a pista para receber cargas. O aeroporto de Chapecó, que é administrado pelo município, sugiro que seja feita uma concessão. O de Navegantes é um aeroporto que precisa de uma atenção especial. Já o de Florianópolis, é urgente terminar o acesso. Tudo isso de alguma forma está encaminhado, porém, é necessário efetivamente fazer o que precisa ser feito. Entretanto, além da questão de infraestrutura, ter uma política estratégica de incentivo ao setor, como a aviação regional.

Outro ponto é zerar a alíquota de ICMS dos combustíveis para voos charter que cheguem ao Estado. É uma medida que estimula o turismo em Santa Catarina, segmento responsável por parte significativa da nossa receita.

ADI/Adjori – Por falar em receita, o tema renúncias fiscais tem gerado uma certa polêmica. Qual será o tratamento dado a essa pauta, caso o senhor venha a ser eleito?

Mariani – Primeiro precisamos entender melhor o que é a renúncia fiscal. Nesses casos, o governo abre mão de parte da arrecadação para incentivar a implantação de uma indústria em determinada região, para incentivar um segmento que é estratégico, ou até mesmo para incentivar uma atividade que ainda não existe no Estado. Incentivo fiscal tem várias formas de ser avaliado. Gera emprego? Protege os setores estratégicos para a economia estadual? Incentiva e equilibra a balança comercial e, portanto, o caixa do Estado? Isso tudo tem que se manter, e quem sabe até fazer mais. Porque isso gera receita para o Estado, isso é dinheiro para educação, para saúde. Agora, tem muito benefício fiscal que se fala que é negócio. Que é para fazer caixa. Se pegar as doações da última campanha e fazer um cruzamento com os benefícios fiscais, já vai dar para descobrir.

ADI/Adjori – A caixa-preta dos benefícios fiscais então vai ser aberta? É possível esperar uma fiscalização mais efetiva?

Mariani – Obviamente que é preciso ter critério. Benefício fiscal é para quem gera emprego e renda em Santa Catarina, para proteger e incentivar setores estratégicos no Estado. Esse é o foco. Não pode ser diferente disso.

ADI/Adjori – Qual o futuro das atuais Agências de Desenvolvimento Regional?

Mariani – O discurso mais fácil é dizer que vai acabar com tudo. Independente se vai ser ADR ou se vai ter outro nome, o fato é que não tem como acabar com serviços que são descentralizados. Eu pergunto: como acabar com a Regional da Cidasc? Como acabar com a Regional da Epagri? A Regional de saúde? De educação? Não posso trazer todo mundo para Florianópolis, pois esse pessoal precisa estar lá no interior trabalhando, onde esse tipo de apoio é fundamental. Dizer que vai acabar com essas estruturas é uma falácia.

Essas estruturas existem, comprovadamente são necessárias, e nós vamos reordenar isso por macrorregiões. Penso em seis ou sete unidades fortes, de referência, com um orçamento para resolver o problema na própria região. O dinheiro quanto mais perto do seu fim, melhor vai ser usado e aproveitado.

Vamos reduzir as estruturas, pois obviamente não há mais a mesma necessidade que havia há 16 anos. Agora, devemos manter as mesmas características, fazendo com que o interior do Estado seja respeitado. Não vou entrar nesse discurso fácil de acabar com tudo. Tenho responsabilidade naquilo que falo.

ADI/Adjori – A concentração em grandes centros dos recursos especializados de atendimento em saúde, como na capital, ainda é uma reclamação constante da população. Como resolver isso?

Mariani – Buscar novos convênios que possibilitem a ampliação dos serviços nas diferentes regiões do nosso Estado. Um trabalho que já está sendo feito pelo secretário de Saúde Acélio Casagrande. Um bom exemplo é a inauguração do setor de tratamento oncológico no hospital Terezinha Gaio Basso, em São Miguel do Oeste. Isso evita a ‘ambulancioterapia’. Esse deslocamento é prejudicial aos pacientes. Sabemos que há muito a ser feito na saúde e lutaremos para resolver as demandas históricas. Vamos intensificar os mutirões, acabar com as filas de espera para cirurgias eletivas já no primeiro ano.

ADI/Adjori – Caso eleito, que estrutura pretende implantar para uma boa administração do Estado?

Mariani – Além da busca pela eficiência, faz-se necessário enxugar o tamanho da máquina pública, gerando bons resultados especialmente nas áreas de saúde e segurança pública. A sociedade exige de nós, homens públicos, soluções para esses problemas, e precisamos entregar resultados. Vamos buscar fortemente trazer a excelência dos mais variados setores da sociedade para dentro do governo, que não pode ser um fim para si mesmo.

ADI/Adjori – Como seriam tratados eventuais casos de corrupção dentro do seu governo?

Mariani – O brasileiro não tolera mais a corrupção. Assistimos escândalos diariamente nos noticiários, o que já gerou até mesmo certa anestesia na população. Isso é muito ruim. No nosso governo, pretendemos melhorar os processos para evitar que casos de corrupção ocorram. Vamos tratar com toda a seriedade que o assunto exige.

ADI/Adjori – Apoio ao setor empresarial e tributação. Como isso será tratado?

Mariani – O governo precisa prestigiar quem produz. Hoje, o empresário enfrenta muitas barreiras e isso não pode ser assim. Sei disso porque também sou empresário. É preciso simplificar processos e criar um ambiente de negócios mais atraente aos empreendedores. A economia de Santa Catarina precisa crescer. Por isso é fundamental estimular o setor produtivo, dando oportunidade para o pequeno empreendedor, com auxílio para regularização e apoio ao negócio, acesso a linhas de crédito com empréstimo a juro baixo para capital de giro.