Procura por vacina contra a Gripe A cai 30% em Blumenau

Foto: Eraldo Schnaider
Foto: Eraldo Schnaider

 

Por Bruna Gabriela Ziekuhr

Após a explosão no número de casos de sarampo na Itália, Alemanha e Portugal, o tema dos movimentos antivacina voltou a ser debatido. O grupo crescente de pais que decide não vacinar seus filhos — por crenças filosóficas, religiosas, medo dos efeitos colaterais ou porque são contra a indústria da imunização — ainda é tímido no Brasil, mas a onda global já faz com que os médicos se mostrem vigilantes e dediquem mais tempo para converter aqueles que são avessos à vacinação.

Em Blumenau, por exemplo, a vacinação contra o vírus H1N1 caiu 30% desde a temporada de inverno do ano passado. De acordo com o pneumologista Mauro Kreibich, diretor do Hospital Dia do Pulmão, a cultura da vacina está diretamente ligada aos famosos “surtos” de doenças que ocorrem em determinadas épocas. Como os casos de Gripe A diminuíram nos últimos anos na região, a população julgou que não precisava mais fazer a imunização.

Para o médico, a situação é preocupante. “Isso causa o ressurgimento de patologias que estavam erradicadas, o que o mundo já está vivenciando. Na Europa, até julho deste ano, oito mil pessoas haviam contraído sarampo. A globalização das nossas relações, que permite uma viagem transcontinental em no máximo 24/36 horas, facilita em muito a migração de um vírus e a contaminação e adoecimento das pessoas. Se a circulação viral ocorre e encontra pessoas suscetíveis ou não imunizadas, a probabilidade dos surtos e epidemias é significativa”, alerta o especialista.

Ainda segundo o pneumologista, este movimento é um reflexo das mudanças na cultura através das gerações. “São pessoas que não vivenciaram a poliomielite, o sarampo, a meningite, a difteria e o tétano. Há não muito tempo estas doenças acometiam a população, ocasionando sequelas. Isso quando não eram fatais”, recorda Dr. Mauro.

Conscientizar é preciso

O diretor do Hospital Dia do Pulmão aponta que, no Brasil, a manutenção da cobertura vacinal se faz através de campanhas, o que reflete a dificuldade de incorporação da rotina de vacinação na vida dos brasileiros. “Esta dificuldade é mais evidente na incorporação de novas vacinas, como a antigripal e anti HPV. Recentemente o Ministério da Saúde divulgou que no ano passado a cobertura da segunda dose da vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, teve adesão de apenas 76,7% do público-alvo”, revela o médico.

Ele diz que a única forma de reverter a situação é por meio da conscientização e educação contínuas. “Precisamos quebrar crenças inadequadas, reverter o estigma do serviço público ineficiente e evitar a atuação dos serviços privados de ocasião, que não têm qualificação técnica adequada”, assinala.

E reforça: “Muitas pessoas ainda desconhecem os benefícios históricos da vacinação e seu reduzido risco de causar reações adversas, ficando à mercê das informações inadequadas disseminadas pelas mídias sociais. Precisamos acabar com isso.”