Segurança pública: estratégia contempla peculiaridades dos municípios

Foto: José Luiz Somensi/LIDE-SC

 

 

Foto: José Luiz Somensi/LIDE-SC

 

Segurança Pública

Por Andréa Leonora e Murici Balbinot | Adjori/SC

Na terça-feira (10/09/19) aconteceu mais uma edição do almoço-debate do LIDE-SC, organização que reúne líderes empresariais exatamente para a promoção de debates e networking.

O convidado dessa vez foi o coronel Carlos Alberto de Araújo Gomes Júnior, comandante geral da Polícia Militar (PMSC) e presidente do Colegiado Superior de Segurança Pública do Estado.

Na véspera, no entanto, ele recebeu nossa reportagem em seu gabinete para falar dos resultados positivos alcançados, com quedas consideráveis nos índices de criminalidade. Também falou um pouco das estratégias usadas e dos planos de curto prazo.

Entre as metas está a redução do número de homicídios para o máximo de 10 casos por 100 mil habitantes, ao ano, até o final de 2020.

 

Foto (arquivo): Marlise Cardoso Jensen [OBlumenauense]

ADI-SC/Adjori-SC – Já é possível afirmar que a queda nos índices de criminalidade está consolidada?

Araújo Gomes – Esses números (veja no quadro abaixo) vêm caindo com relação aos números anteriores, de forma consistente, desde fevereiro do ano passado. Já temos alguns meses de quedas com relação aos anos anteriores que apontam uma tendência, não mais uma janela estatística a ser explorada. Quando verificamos as possíveis causas, encontramos muitas relacionadas à atuação da própria segurança pública.

A primeira delas é que o modelo de colegiado implementado este ano potencializou a ação das forças de segurança. Neste ano, em vez de um secretário de segurança, temos um colegiado, formado pelos gestores máximos das corporações que compõem a pasta: Polícia Militar, Civil, IGP e Corpo de Bombeiros. E a cada ano o gestor de uma dessas corporações é o presidente desse colegiado. Este ano sou eu, ano que vem, a Polícia Civil, no outro, o Corpo de Bombeiros e no outro, o IGP.

 

ADI/Adjori – Quais são as vantagens que este modelo trouxe e por que estão impactando a criminalidade?

Araújo Gomes – Em primeiro lugar, aproximou e aumentou a integração entre as instituições no nível estratégico. Como estamos mais frequentemente conversando sobre todos os assuntos, estamos mais integrados porque nos conhecemos melhor, nos respeitamos e nos ajudamos nas diferenças.

A segunda questão é que as decisões são tomadas por gestores experientes e comprometidos com as corporações. As decisões ali tomadas impactam diretamente nossos órgãos. Isso faz com que a qualidade da decisão, junto com a experiência, seja melhor. Por último, temos percebido que neste modelo o tempo de implantação das ideias é menor. Como amadurecemos melhor, na fase de discussão, quando chega a hora de implantar, isso já está bem consolidado, cristalizado.

 

 

ADI/Adjori – Oque é possível explicar sobre estratégia?

Araújo Gomes – Dentro das estratégias de combate, podemos dividir o estado em três grandes grupos. Um grupo menor, formado pelas maiores cidades, normalmente no litoral, com índices de criminalidade que comprometem a segurança pública e que exigem ações mais contundentes.

Cito como exemplos Florianópolis e Joinville. Depois temos um grupo de cidades de médio porte, mas que têm índices compatíveis com a qualidade de vida e que não comprometem absolutamente a segurança pública.

Cidades como Jaraguá do Sul, Brusque, Rio do Sul, Criciúma, Xanxerê. E a maioria do estado, que é formada por pequenas cidades e áreas rurais, onde a criminalidade violenta não é tão presente, mas onde as expectativas em termos de qualidade de vida ligadas à segurança são muito altas.

É onde até mesmo crimes que poderiam ser considerados menos graves em outros lugares têm uma grande repercussão. Cidades como Tigrinhos, Dona Ema, Witmarsum, Zortéa, Pescaria Brava.

 

ADI/Adjori – Tudo o que acontece ganha uma grande proporção…

Araújo Gomes – Exatamente. Nas regiões do primeiro grupo de cidades, aproximadamente 70% das mortes violentas tinham alguma relação com drogas, direta ou indiretamente. Nas pequenas e médias cidades, a violência letal está mais ligada a dois outros perfis: aos crimes passionais, e aí temos o feminicídio, e aos crimes associados ao que chamamos de violência interpessoal. São os crimes relacionados a brigas de família, à saída de bar, à briga de vizinhos. Para cada uma delas há estratégias diferentes.

Dentro das grandes cidades, temos estratégias pesadas, que chamamos Choque de Ordem e Sufoco ao Crime. O primeiro são as grandes ações e operações policiais, que garantem que a criminalidade não saia de uma faixa que consideramos aceitável. O segundo, ações de inteligência que desarticulam as grandes quadrilhas.

Nas cidades médias e nas cidades pequenas predominam as ações que chamamos de Mãos Dadas com a Comunidade. São programas preventivos institucionais, de caráter permanente e continuado que atacam programas específicos e consolidam nossa relação com a comunidade. São os três eixos em que trabalhamos.

 

ADI/Adjori – De um modo geral, quais as metas?

Araújo Gomes – Trabalhamos com uma metodologia dos Estados Unidos que trabalha com ciclos curtos de objetivos, planejamento, preparação e execução. Nossa meta no momento é ficar abaixo de 10 homicídios por cem mil habitantes. E queremos alcançar isso até o final de 2020.